Ao homem do silêncio,
Quero contar como andam as sensações. Repara que escrevo sob a luz de muitas velas e aguardo docemente a chegada do próximo: dar-me-á um anel de rubi lindíssimo e contará coisas do passado. Eu nasci para isso, meu caro: para fazer bem aos desejos dos homens. Mais tarde, eles voltam para seus lares e lá são felizes sob o tédio do amor e do teto. Eles vêm a mim, que sou chuva quente, molham-se felizes feito meninos pulando em poças d´água e em meu ventre fazem todo o estrago que não ousam fazer em seus mundos. Pobres moços.
Eu, quando menina, brincava na chuva em poças lamacentas e era uma delícia abandonar meu teto para me lambuzar lá fora. À noitinha, para não adoecer demais, voltava feliz feito um passarinho e alegremente levava bronca de minha tia, tomava meu banho e ia pra cama. Eu tinha um cobertor delicioso e agora tenho mãos ágeis na escrita que se alegram ao escrever a ti, meu amigo. Desenho toda a vida para que se passe diante dos teus olhos, e só faço isso porque és um bom homem: dos melhores. É por pudor e por carinho que não ofereço a ti o que ofereço aos outros: nasceste para o amor e para ouvir melodias vindas do céu. Eu, ah, eu sou lá de baixo: perdoa-me se digo assim tão feio. Mas, sim, sou do vermelho ardente que corre lá embaixo, sou mais baixa que o poço mais fundo e conheço todas as cores do fogo. Cada cor tem um nome que eu crio, tal e qual as tonalidades de branco para quem conhece o colorido da neve.
Vejo-te em teu silêncio e sei que teu fogo é rubi, é um fogo nobre que aguarda uma fada. Fadas nem sempre surgem, são como unicórnios: feitas de lendas e sonhos. Caso surja, porém, quero que saibas que sou sempre feliz por ti e grata pela tua atenção. E festejarei tua felicidade como se Deus estivesse me perdoando até o infinito de meus pecados.
Sê feliz, mais que o mundo.
Maria Eunice
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Moça, como te gosto!
Sê feliz!
Beijos
Ei, moça... lindo texto!!
Te adoro!!
bjs
Postar um comentário